Jóias da Avó

Ao arrumar o meu baú de jóias, encontrei um colar que a minha avó me deu e que pertencera à sua irmã. Reparei que muitos são os acessórios que pertenceram à minha avó, à minha mãe, a tias e até ao meu pai e que agora uso com enorme gosto. Acaba por não ser só o aspecto estético a pesar nesta utilização, mas também o valor sentimental que as peças acabam por ter.

O tal colar :)

Anel que pertencia à minha mãe

Pulseira que pertencia à minha avó


Olhando em redor vi acessórios que parecem ter naturalidade dos baús das avós. As estéticas dos objectos variam, sendo praticamente impossível alguém ter um acessório igual aos que viajaram no tempo. Isto ainda os torna mais especiais, visto conferirem individualidade a quem os possui.


Travessão para cabelo pintado à mão por artista russo



Brinco de tendência Arte Nova



Brinco de Clara Fernandes

Brinco Retro de Ana Guerreiro



Embora nos dias que correm esteja muito na voga os acessórios de influência vintage e retro, especialmente aqueles que parecem realmente usados, há sempre uma aura diferente naquelas "jóias" que realmente passaram através das gerações. Várias culturas têm esta tradição, que acaba por simbolizar a união, as raízes e os valores de uma família. A cultura Europeia também passa muito por aí, sendo que em Portugal destaco as tradições minhotas, das quais sou fã. As famosas filigranas, que são pura arte das regiões nortenhas, retratam com um purismo absoluto o que são os valores tradicionais da família. Em conversa com uma amiga que é natural de Viana do Castelo apercebi- me de que as jóias que cada mulher possui não são só herdadas. Na verdade, desde crianças que lhes são oferecidos os adornos, como que de um enxoval se tratasse.

Filigrana minhoto

Esferas em ouro trabalhadas

Medalha em ouro


A ourivesaria portuguesa é bastante rica e explora técnicas complexas há séculos, o que torna a técnica de filigrana um dos ex- líbris nacionais em termos de moda. Sim, porque cada vez mais o uso deste tipo de joalharia é apreciado, verificando- se a crescente venda e o leque de opções a aumentar. O interesse realmente tem vindo a ser maior, o que se comprova através do trabalho de Joana Vasconcelos no projecto "Coração Independente", no qual usou talheres de plástico para reproduzir filigrana minhota em proporções gigantescas. (http://www.joanavasconcelos.com/)

Recentemente dei uma vista de olhos às colecções de moda para o próximo Outono/ Inverno e apreciei o uso de pequenos elementos de ourivesaria em ouro, presos nas peças de vestuário, da dupla Dolce & Gabbana. (http://www.style.com/fashionshows/complete/slideshow/F2010RTW-DGABBANA?loop=0&event=show2062&designer=design_house251&iphoto=22&play=false&cnt=6 )
Em parte lembrou- me muito os trajes minhotos das mordomas, que se vestem totalitariamente de negro, dando brilho às vestes com todas as jóias de família, que são maioritariamente de ouro amarelo. O contraste visual ficou bastante parecido... Será que a cultura rica do norte de Portugal inspirou os criadores italianos? :)


Agradecimentos à Ana Correia que me cedeu fotos das suas jóias minhotas.

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