Quando É Que Deixamos De Ser Nós?

Ao crescermos perdemos a espontaneidade de outrora, a energia e a coragem. Deixamos de fazer planos do pé para a mão, de aceitar convites em cima da hora e pior... deixamos de ser nós a fazê-los. Com a idade adulta vêm as metas, cada vez mais próximas de serem cruzadas. E por vezes não queremos sequer estar nessa maratona instituída pela sociedade. Queremos desistir ou parar apenas por uns segundos anos para evitar uma arritmia. Há dias em que nos lembramos da nossa adolescência e infância como se fosse ontem. Porém, certas manhãs tudo parece tão longínquo, como se fossem as vivências de outra pessoa. Algures no tempo vamos gravando novas memórias por cima de velhas e tudo assume contornos disformes. Não nos recordamos do nome de alguém, não memorizámos os traços do rosto de quem já partiu, não sabemos datas importantes na ponta da língua...



Sobretudo o que mais me preocupa é não encontrar dentro de mim vestígios da miúda que mergulhava nas ondas sem medo, que corria sem pressas de fazer outra coisa que não correr, que aproveitava cada minuto para dizer sim a todas as propostas, sem temer ficar de braços cheios e deixar cair tudo. Quando foi a última vez que a vi? O que trazia vestido? Para onde ia? Com quem? Se a virem por aí digam-lhe que tenho saudades.

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