K de... Kenzo


Campanha Primavera 2014

"They bring something very young, streetwear, very easy, casual.
Something contemporary."
Kenzo Takada sobre os actuais directores criativos da marca
Via Fashionista


Conheci a Kenzo através da sua papoila engarrafada, na cómoda da minha mãe. Na altura toda a gente tinha este perfume e não era o aroma que me seduzia, mas sim o frasco. Elegante, jovem, delicado. A estética,  ligava-se a Kenzo Takada. Japonês, nascido em 1939, estudou em Tóquio e aventurou-se na competitiva cidade de Paris na década de 60. Foi nessa viagem que bebeu muita da inspiração que materializaria no futuro. Para obter sustento na nova morada, vendeu ilustrações a designers e para a revista Elle. Foi assim que criou uma rede de contactos que seria crucial na sua carreira.

Os seus famosos patchworks não foram intencionais, mas sim resultado do mínimo capital que tinha para comprar vários metros de tecido, ficando-se pelas sobras das lojas. Em 1970, com a loja Jungle Jap, na capital francesa, exportava as suas peças para Tóquio e Nova Iorque. Foi provavelmente um dos primeiros criadores a trabalhar a multiculturalidade nas suas colecções, usando silhuetas orientais e apercebendo-se do potencial que padrões de todos os pontos do globo teriam.


Fotografia de Hans Feurer, 1985

Em 1999, após 30 anos de actividade, abandona a sua Casa, que era já propriedade do grupo LVMH há cinco anos. Gilles Rosier, designer francês, tomou as rédeas nos anos seguintes, passando-as a Antonio Marras de 2004 a 2011. Neste anos os fundadores da Opening Ceremony, Carol Lim e Humberto Leon foram seleccionados para a direcção criativa. Levaram a marca de novo à sua origem exótica, apostando em cor, padrão e no já icónico tigre. As suas origens californianas fizeram com que se preocupassem com a sustentabilidade marinha, criando iniciativas sob o estandarte Kenzo. Nos castings são diversas vezes escolhidos rostos orientais, para desfiles e campanhas. O site é hoje, para além de loja online, uma galeria repleta de imagens que obedecem à estética Kenzo re-interpretada pelo duo.


Kenzo x H&M, 2016

À semelhança da parceria da década de 80, entre Kenzo e The Limited, uma cadeia multimcarca, em Novembro passado a Kenzo fez colaboração com a H&M. Resultou uma explosão de cor em peças bem artísticas e improváveis, como um catsuit em padrão animal. Os modelos seleccionados fizeram o resumo do espírito da marca, jovem mas com apego a elementos tradicionais, tanto do Oriente (kimonos e chinelos geta) como ocidentais (bomber jackets, skinny jeans e silhuetas Uma Casa na Pradaria). Vimos excêntricidade e movimento em sintonia, cidade e selva em comunhão. Esta parceria veio sublinhar o estatuto cool que os designers americanos vieram devolver à Casa de origem franco-japonesa. Após um ano produtivo, também graças ao viral vídeo de lançamento do perfume Kenzo World, o buzz em volta da marca diminuiu um pouco. Resta-nos esperar para ver as próximas tácticas deste negócio que já assegura linha de senhora, homem, criança, perfumes e acessórios.



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