K de Karl

Hoje amanhecemos entristecidos pela partida de Karl Lagerfeld, director criativo da sua marca homónima, da Fendi e da Chanel. Aos 85 anos o designer de origem alemã era um ícone no universo da Moda e detinha uma das carreiras mais duradouras e proliferas na indústria. Proveniente de uma família de classe média, desde sempre enevoou a sua vida pessoal em mistério. Era na esfera profissional que mantinha tudo claro em cima da mesa, criatividade e trabalho árduo acima de tudo. Iniciou o seu percurso em Paris, estagiando com a lenda Pierre Balmain, seguindo-se Jean Patou, Charles Jourdan, Valentino, Chloé... Foi na Fendi onde se estabeleceu exclusivamente durante quase 30 anos, até entrar na Maison Chanel que na época - 1982 - atravessava uma má fase. Nesta década criou a sua própria marca, esforçando-se diariamente em 3 frentes de criação. A isto juntamos inúmeras parcerias com marcas mais comerciais, hotéis e revistas. Conhecido pelas suas afirmações controversas e nem sempre correctas, o génio criativo nunca parava e Karl dizia muitas vezes que o seu olhar estava no futuro e não no passado. Foi o seu espírito vanguardista que nos anos 90 convocou strippers e actrizes pornográficas a desfilar para a Fendi, em Milão. Visionário, apresentou também, em 2007, um desfile da Casa italiana na Grande Muralha da China e em 2014 criou um supermercado com todos os produtos possíveis e imaginários rotulados com o duplo C da Chanel. Ao ser dos primeiros a trazer a cultura pop para a passerelle e a deixar-se influenciar pelo street style contribuiu para a quebra nos códigos de Moda e na consequente democratização da mesma.


Após a sua morte a inevitável pergunta foi: Quem vai suceder o Kaiser na liderança criativa da Chanel? Depressa a maison veio indicar Virgine Viard, assistente de Karl, como o próximo nome que assinará as colecções. Foi ela que fechou o último desfile de alta-costura em Janeiro, a solo, e acompanhou o mestre nas vénias dos desfiles de Nova Iorque em Dezembro e de Paris em Outubro. Parecia já um rito de passagem que todos nós fingimos não ver. Contudo, partilho um pensamento que há meses me ocorre na ideia: Simon Jacquemus poderá ser o próximo director criativo da conceituada Casa Francesa. Era pública a boa relação do jovem de Provence com o legendário artista alemão, após se conhecerem em 2015 nos Prémios LVMH, onde Karl foi júri e Simon se sagrou vencedor. Embora elogiasse Jacquemus em entrevistas, Lagerfeld nunca o definiu como um sucessor, como fez anos antes com Haider Ackerman. Mais recentemente afirmou que não podia indicar ninguém para o seu cargo, aquando da reforma, pois a Chanel não lhe pertencia. Outra questão que ainda não conhece resposta é o que acontecerá a Choupette, a gata do malogrado designer, que se tornou famosa ao ser protagonista de editoriais e musa de colecções.

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