Uma Barbie pelo Natal?



Criada em 1959, por uma mãe super criativa, a Barbie surge como brinquedo para pré-adolescentes. A famosa boneca da Mattel deve ser o presente mais comum nos sapatinhos das meninas de todo o mundo. Como elas já passei dias a imaginar que nova amiga estaria dentro do embrulho paralelepípedo e era mais que certo que pelo menos uma se juntaria à colecção. Contudo, este deve ser também o brinquedo mais mediático de que há memória.
Quando se fala na boneca existem questões de fundo que se centram na distorção da imagem física e que perturbam muita gente. Fala-se das proporções erradas da Barbie, que podem criar uma percepção de auto-imagem deficiente nas crianças. Esta percepção poderá levar a distúrbios alimentares e falta de autoconfiança, pode criar-se um estereotipo muito pouco inclusivo... No meu caso sempre e apenas me apelou ao sonho, à diversão e à criatividade. No que toca à consciência física, nunca me fez sentir inferior ou complexada. Na minha imaginação não tinha um fosso de diferenças entre mim e aquela personagem. Essas diferenças foram surgindo ao longo do crescimento e muito por culpa de quem mas ia apontando. 

Num dos outros lados do prisma tenho de admitir que sim, ajudou a antecipar a vontade de crescer, ser mais velha e poder ser e ter as coisas que a Barbie era e tinha. Este mecanismo que a Mattel utiliza, enquanto empresa forte do nosso sistema capitalista, é muito bem planeado. A Barbie ao ser quem quiser vende-nos também o ideal de que o sonho é ilimitado, tudo é possível. Podemos ser veterinárias, super heroínas, presidentes de um país, astronautas, cantoras, enfermeiras, bailarinas, professora de yoga, polícia, chef... A brincadeira seguiu rumo para outros destinos, que não o país nativo, e criaram-se bonecas com algumas características culturais e físicas de outros locais: Índia, México, Hawai, Brasil, Rússia... Esta multiculturalidade dá-se sobretudo em artigos de coleccionador ou edições limitadas. São mais raras as vezes em que numa nova colecção surjam personagens de diferentes raças ao lado da sempre caucasiana Barbie, que nem sempre são comercializadas em todos os distribuidores Mattel.

No centro do tema, e respondendo à pergunta do título, a Barbie pode ser extremamente educativa. Começando pelo seu perfil sempre politicamente correcto (exceptuando alguns modelos personalizados por designers ou de colecção não apropriados a crianças), passando pelo já mencionado poder do sonho e terminando num aspecto crucial: o feminismo. Ao contrário das opiniões que falam de uma escravatura pela imagem, eu determino a Barbie como um expoente cultural máximo da emancipação feminina. Desde 1959 que viveu em pleno a sua juventude, tendo um par romântico mas continuando a viver com a máxima liberdade e concretizou tudo o que um homem concretizaria (por vezes mais do que o Ken). Mesmo existindo uma versão em que se casa e uma em que foi mãe, a Mattel sempre passou mais a imagem de mulher solteira, sem filhos mas com irmãs mais novas. Penso que estas escolhas sejam para colocar um travão nas suas características adultas e isso, ao contrário da maioria dos filmes Disney, mantém a porta do futuro em aberto, dando liberdade às meninas e meninos de construirem a sua própria história.

Comentários

Enviar um comentário

Trending