Welcome Back, Zoot Suit!

Não é novidade que as skinny jeans terminaram o seu reinado, prova disso são as inúmeras opções de modelos de calça, para senhora, que hoje estão disponíveis e são "tendência". Alargam-se os moldes e as pernas reaprendem a respirar, após anos trilhadas por costuras. No caso da moda masculina vemos mudanças sempre mais suaves, numa limitação de peças e conjugações que perdura há décadas. Mas também para eles as opções de calças se transformam e a tendência desta Primavera mostra isso mesmo.

Lanvin | Dries Van Noten | Ermenegildo Zegna

Várias marcas exibiram pernas mais largas e silhuetas fluídas. Se as skinny jeans em homem sempre remeteram ao universo rock n roll, esta "nova" silhueta parece uma reinterpretação dos Zoot Suits. A música e a moda sempre foram os amantes mais equilibrados no universo artístico, criando variados imaginários de estilo. Também o conceito Zoot Suit foi divulgado por um músico, Harold C. Fox na década de 1930, em plena Segunda Guerra Mundial. O músico teve a ideia para os fatos no bairro em Nova Iorque, muito influenciado pela cena musical do Jazz e Swing. Foi em Chicago, que juntamente com o irmão abriu uma loja, que ao lado de trench-coats, comercializava os mais trendy zoot suits.


Os apreciadores do estilo eram sobretudo afro-descendentes e imigrantes mexicanos, filipinos e italianos, músicos e elementos da máfia. Se para esta comunidade os fatos largos eram perfeitos para dançar, para os militares e polícia eram uma provocação aos tempos que se viviam, pois a quantidade de tecido necessária para produzir um destes modelos era obscena perante a realidade de escassez civil e as necessidades bélicas. Proibiu-se o uso das roupas e em forma de protesto, pela liberdade de expressão, os zoot suiters apresentavam-se em massa com as suas calças largas e de cintura alta, blazers de ombros vistosos, correntes e chapéus de feltro. A perseguição a estes jovens tornou-se muito intensa, resultando em inúmeros confrontos violentos. Esta proibição foi levada em diante com a transformação dos fatos em outras peças ou simplesmente com a sua destruição. Por exemplo, o Los Angeles County Museum of Art demorou cinco anos a encontrar um modelo autêntico desse movimento para a exposição que vão abrir em Abril, "Reigning Men: Fashion in Menswear, 1715-2015".


Os motins multiplicavam-se entre gangs vestindo zoot suits e militares da marinha, resultando em espancamentos, mortes, destruição de espaços públicos... O que começou por ser somente uma tendência de moda prática para viver a 100% a vida nocturna dos clubes de jazz, passou a ser um claro instrumento de contestação social e política. Para alguns essa era a razão para continuarem a vestir uma indumentária proibida. Outros eram somente guiados pela estética e vontade de pertencer a um grupo.

Dolce and Gabbana | Giorgio Armani | Yhoji Yamamoto

Hoje, num mundo ocidental bastante livre, as intenções naquilo que vestimos são mais estéticas que políticas. Na indústria do vestuário a novidade é cada vez menos sazonal e mais diária, sendo sempre necessário encontrar formas de conquistar o consumidor. Por isso voltamos a ver silhuetas de há oitenta anos reinventadas, após também terem conquistado muito sucesso na década de 80. Porém, em 2016 existe um homem bastante mais comedido nas suas escolhas e que cada vez mais valoriza um corte de fato feito à sua medida (ou que aparente sê-lo). Ermenegildo Zegna e Dolce and Gabbana sabem isso e alinharam fatos irrepreensíveis com outros de silhuetas um pouco mais lânguidas. Tentar sair da zona de conforto não custa e após estações com propostas sempre muito semelhantes, vemos em Dries Van Noten, Lanvin, Topman, Giorgio Armani, Walter Van Beirendonck ou Yohji Yamamoto uma reminiscência aos polémicos Zoot Suits. A fórmula parece ser blazers mais cintados com calças propícias ao movimento.

Street Style no Pitti Uomo 2016
 

Ver fontes aqui, aqui, aqui e aqui.

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