Não Faz Mal Estar Triste
Esta nova cena de partilhar a vida para lá das portas do nosso domínio pessoal tem tanto de fascinante como de aterrador. Se por um lado gostamos de nos identificar com as causas, problemas e particularidades dos nossos pares, por outro o oversharing pode prejudicar esta partilha. Quando o tema é a tristeza, solidão ou ansiedade torna-se ainda mais importante rever-nos nas vivências dos outros e temos visto uma grande abertura a estas questões nos últimos anos.
Ruby Etc
Gemma Correll
Na ilustração temos a divertida Gemma Correll, de longe uma favorita com quem partilho aniversário, que auto retrata contextos caricatos na maioria dos seus quadradinhos. Menstruação, Insegurança, Sociabilidade, Depressão são desenhadas para nos fazerem rir e também nos aconchegam. O projecto Stay Home Club tem vasta lista de sócios que nunca se encontram, foi fundado por Olivia Mew e é uma marca de acessórios, t-shirts e prints. Valorizam um estilo de vida mais introvertido & introspectivo com as frases motivacionais "Alone Not Lonely", "Everyone Feels Like You", "I Will Make It Out Of This Alive"... Cécile Dormeau é uma ilustradora francesa que se foca bastante no corpo feminino, na auto apreciação mas também na assunção de defeitos enquanto feitios, como no desenho "I am not grumpy. I smile when there is a reason.". Sobre estes assuntos, o exemplo mais irónico e non sense de todos é a conta @rubyetc_ , que vale mesmo muito a pena espreitar. Em português temos a maravilhosa Mariana Miserável, cujo nome diz muito mas a arte diz ainda mais: mulheres e homens fortes que choram, lidam com a custosa saudade e as tempestades da vida.
Mariana Miserável
Concluo que é ok estar triste, ter períodos de melancolia, ficar em casa e apreciar estar sozinho, odiar multidões, ficar nervoso e ainda não saber como o controlar. Não faz mal estar triste desde que consigamos guiar a nossa vida. Mas principalmente, é urgente que não se exija de todos o comportamento de um líder, que sejam extrovertidos e optimistas, que digam sim a tudo, desempenhem papéis politicamente correctos... Enfim, é urgente aceitar cada um com os seus recantos pessoais e colocarmo-nos na sua pele por um instante.
Comentários
Enviar um comentário