Trash is Back

Aos 27 olho para montras fast e só vejo nos manequins miúdas com menos 10 anos a saírem à noite. Podia considerar que eu já não sou o alvo destas marcas, mas depois passeio pelas vitrines do Instagram e tenho a certeza que sou realmente uma velha do Restelo. Parece-me que por toda a parte se foi sucumbindo ao trashy, às vibes nocturnas, ambientes escuros e pesados, transparências, pele à mostra, sportswear sensual e... mau gosto.

 Slick Woods para Marc Jacobs


Há muito que são os jovens o combustível das tendências, consumindo-as e criando-as. Sempre tivemos role models de tenra idade a produzirem clones de si mesmos. Estas continuam a ser as regras do jogo, com maus exemplos incluídos. Já critiquei artistas por fazerem música e vídeos que poderiam influenciar negativamente, não tive paciência para grupos de miúdos mal comportados no mesmo bar que eu, olhei de lado para imagens de saídas à noite com protagonistas ébrios. Mas também já exaltei os estranhos Die Antwoord, já me vesti  com meias rasgadas propositadamente, já usei smokey eye carregado em plena luz do dia, já fiz parte dessas tais fotografias menos felizes. 

Questiono-me se esta vaga de folia decadente tem que ver com faixas etárias ou é realmente uma tendência. Quero acreditar na primeira hipótese, para não me sentir tão outsider, mas a verdade é que TODOS parecem despir-se da sua pele diurna nas pistas de dança e partilham, sem vergonhas, registos com copos de vodka na mão (será que é isso que se bebe agora?). Por um lado parece-me que se perdeu a vergonha, que os novos tempos não dão espaço a ser-se púdico. Por outro, acho esta nova normalidade perigosa principalmente para adolescentes, que se prendem às realidades virtuais de exemplos como Kylie, Cara, Rihanna, Miley, Asap Rocky ou Slick Woods. Todos eles tão diferentes entre si, mas todos a partilharem o seu suposto "verdadeiro eu", com tudo o que isso implica: dinheiro, corpos manipulados, cabelo rapado, tabaco e mais, tatuagens, middle fingers... E o mais curioso aqui, é que grandes marcas - Marc Jacobs, Dior, Guess, Calvin Klein, Puma - pagam por estas parcerias de estilo thug. A verdade é que sempre necessitámos de rebeldes para irmos mais além, mas será que vamos no caminho certo? Se o mundo fosse feito só de certinhos era extremamente aborrecido e adoro que modelos bastante diferentes dos cânones, quase milenares, dêem cartas na indústria. Só tenho medo que o nível de classe desça tanto que seja impossível voltar a subi-lo a tempo de eu não me aborrecer de mim mesma!

Seria hipócrita da minha parte dizer que esta nova estética trashy não me diz nada, pois se não o dissesse este post não existiria. Simplesmente receio que o visual se torne realmente num estilo de vida massificado, seguindo-se os valores money, sex, drogs and rock 'n roll.

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