M de... Man Ray



Não só de designers, marcas e costureiros se faz a Moda. No F e no I foram apresentadas provas e chegando ao M, com grandes dúvidas de que tema se iria abordar, o foco paira na fotografia, pelo olhar do americano Man Ray. Nasceu com o nome Emmanuel Rudnitzky, filho de emigrantes russos judeus, em 1890. Passados vinte anos a família, que trabalhava em vestuário, alterou o apelido para Ray, receando ataques anti-semitas. A arte sempre fez parte da sua vida e educação, desde criança. Enquanto estudava e desenvolvia técnicas de pintura fazia trabalhos pagos de ilustração. A sua obra nesta fase mostrava como era atento às correntes suas contemporâneas e logo a foi alterando, tornando-se figura chave do Dadaísmo, ao lado de Marcel Duchamp.


 Fotograma

A fotografia veio por necessidade, a fim de financiar a sua obra experimental enquanto pintor. A primeira câmera foi comprada pois não apreciava a forma como as suas peças eram captadas por fotógrafos profissionais. Quando se mudou de Nova Iorque para Paris, nos anos 20, começou uma parceria com o pai da couture, Poiret. Seguindo a estética Surrealista, trabalhou para a Vogue, Vanity Fair e Harper's Bazaar, criando imagens enquanto arte editorial e não apenas com propósitos comerciais. Nasce assim o estatuto da Fotografia de Moda como hoje a conhecemos.

Campanha para Poiret - fotografia com dupla exposição

Ray experimentou técnicas pouco exploradas na época, como a dupla exposição ou a solarização e desenvolveu o fotograma. Conclusão, as estéticas cool que, ao longo dos últimos anos, temos praticado no Photoshop, e mais recentemente com a ajuda de APPS de edição de imagem como o VSCO ou o Instagram, foram há muito praticadas por este génio.

Sleeping Woman, 1930 - solarização

Nos anos 40, devido à Segunda Grande Guerra, voltou ao seu país natal, instalando-se na Califórnia e ensinando a sua arte em fotografia. Guy Bourdin teve a sorte que muitos ambicionavam ao ter Man Ray como seu mentor, durante a curta estadia deste pelos Estados Unidos. O fotógrafo depressa sucumbiu ao chamamento da doce Paris, voando para a capital francesa em 1951. Em 1964 lançou a sua biografia e nos anos seguintes teve exposições por toda a Europa. Deixou-nos em 1976, aos 86 anos. Manteve sempre colaborações com membros da elite cultural: Hemingway, Coco Chanel, Elsa Schiaparelli, Catherine Deneuve, Jean Cocteau, Picasso, Dali ou Lee Miller...

Lisanna Wallance para a Vogue
 
A sua marca foi tão profunda no imaginário colectivo que este mês foi lançada uma linha de maquilhagem NARS, inspirada na sua herança estética. Ao longo dos tempos foi sendo fonte de inspiração, o seu trabalho foi mimetizado e honrado enquanto estava no activo até hoje, após a sua morte. O seu legado, portanto, perdurará para sempre, tanto na sua obra como na perspectiva de outros artistas. Viveu entre pintura e fotografia, usando a primeira quando queria representar algo que não existia, impossível de criar na vida real. Trabalhou em Cinema, Escultura e Poesia, fazendo com que a sua criatividade perdurasse, sob suportes artísticos únicos e pioneiros.

 Bastidores de uma das fotografias mais icónicas de Man Ray (à esquerda)

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